Por : Natália Falcón


No Dia Mundial dos Oceanos, ao invés de homenagens, vemos mares infestados de óleo, espécies rumando para a extinção e a criminalização de ativistas.


Estipulado internacionalmente em 2008 para prestar homenagem aos nossos mares, dois anos depois, o Dia Mundial dos Oceanos - 08 de junho, chega para o Greenpeace com ares de ressaca. Entre ativistas ameaçados de prisão por denúncia de contrabando de baleia no Japão, a outros agredidos em tentativa de salvar atuns ameaçados no Mediterrâneo, assistimos ainda ao possível fim da moratória de caça comercial de baleias e ao maior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos.


No Golfo do México, tentativas de conter o que já é o maior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos fracassam e o derramamento corre solto em seu segundo mês de contaminação de estuários, praias e mangues, matando organismos marinhos e aves. Partindo para outros mares, no Mediterrâneo, nossos ativistas são feridos por ganchos de pescadores ao participarem de uma ação de defesa do atum azul, espécie altamente ameaçada de extinção e cujos estoques pesqueiros rumam ao colapso devido à péssima gestão do setor pesqueiro e da pesca intensiva indiscriminada.


Vamos para o Japão, onde Junichi Sato e Toru Suzuki, dois ativistas que denunciaram esquema de contrabando ilegal de carne de baleia, ouvem, em tribunal, pedido de condenação de 18 meses de cadeia. Submetidos a um julgamento criminoso, estes defensores dos animais marinhos podem se tornar os primeiros ativistas do Greenpeace a passar tanto tempo presos por uma ação de denúncia.


Enquanto isso, a moratória de caça comercial de baleias, estipulada pela Comissão Internacional da Baleia (CIB) em 1986, sofre investida dos países baleeiros membros da Comissão. A ser votada no final deste mês, em reunião anual da CIB, proposta de eliminação da moratória garante criação de cotas – altas – de animais a serem pescados. A caça dita “científica”, sustentada por governos como o japonês, ainda assim continua assassinando milhares de baleias por ano.


O Greenpeace no Brasil defende a delimitação de 40% das águas internacionais como Áreas Marinhas Protegidas destinadas à manutenção do ecossistema marinho, assim como a implementação de áreas protegidas também no território marinho nacional. “Por maiores que sejam os problemas enfrentados, vemos pessoas que lutam a favor da proteção dos mares. Isso sim é motivo de comemoração. Comemoração a tudo que os oceanos têm a oferecer e a todos aqueles que sabem valorizá-lo”, diz Mikael Freitas, da Campanha de Oceanos.