quinta-feira, 29 de abril de 2010

A mancha negra


Por: Natália Falcón

Acidente com plataforma de petróleo espalha óleo pelo Golfo do México e dúvidas sobre um modelo energético prejudicial à saúde humana e ambiental.

Um vazamento de óleo não é algo que se limpe. Na maior parte dos casos, os remanescentes desses desastres ambientais se dispersam, diluem, são queimados ou afundam e ficam à espera de, em algum momento, voltar à tona e causar seus estragos. O caso da recente explosão seguida de vazamento da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, ocorrida no último dia 20, expõe as sérias deficiências do modelo petrolífero do qual somos dependentes.

Na explosão, onze funcionários morreram. Dois dias após o acidente, a plataforma naufragou e, lá do fundo, começou a despejar mais de cem mil litros de óleo diariamente. Hoje, 29 de abril, nove dias após o desastre, o presidente americano Barack Obama assumiu as rédeas do desastre, o que deu dimensão real à sua gravidade, oferecendo a ajuda do Departamento de Defesa na sua contenção.

A corrida agora é por evitar que o óleo continue a vazar e, alcance a costa da Lousianna, de onde já está a apenas 80 quilômetros de distância. A previsão é de que a macha, dpendendo da direção dos ventos, alcance a região do delta do Rio Mississipi na sexta-feira, dia 30.

Caso isto ocorra, as ricas regiões onde 40% da área de manguezais da costa dos Estados Unidos se concentram, podem ficar manchadas de óleo pelas próximas décadas. O governador da Louisianna Bobby Jindal declarou estado de emergência, alegando que o vazamento ameaça seus recursos naturais. As autoridades americanas precisam decidir entre o ruim e o pior: se mais vale queimar o óleo, emitindo carbono e produzindo gigantesca nuvem de fumaça, ou permitir que o desastre ambiental atinja as áreas de costas.

“As empresas de petróleo dizem que já existem as mais variadas tecnologias para a contenção de vazamentos de petróleo, mas, como foi visto, na prática, isso não é bem verdade. O impacto que um vazamento de óleo pode trazer é gigantesco e não há uma forma justa de reparar o dano”, diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Oceanos do Greenpeace.

Nem um ano se passou desde que as empresas responsáveis pela plataforma, a britânica BP e a TransOcean, se opuseram agressivamente contra um novo regulamento de segurança estabelecido pela Empresa de Manejo Mineral, a agência federal que fiscaliza a exploração de petróleo em alto mar. A base do novo regulamento foi um estudo que concluía que o número de acidentes no setor era muito alto.

Gráfico divulgado pelo jornal The NY Times traz o perfil das espécies que estão na mira do líquido negro. Aves costeiras e animais marinhos são as mais afetadas. Entre elas, a baleia cachalote, tartarugas marinhas e o atum azul, espécie em alto risco de extinção, cujo único local de reprodução da população do Atlântico é o Golfo do México.

“Espécies como o atum azul e as tartarugas marinhas, ameaçadas de extinção, estão sendo submetidas a um nível de contaminação inestimável. Que tecnologia é capaz de reparar este impacto?”, questiona Leandra.

Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/A-mancha-negra/

Greenpeace Salvador também no Twitter !

Por : Natália Falcón

O Grupo de Voluntários do Greenpeace em Salvador além do blog e do orkut está presente em mais uma rede social, o Twitter !
Mais uma forma de divulgar o trabalho e diminuir a distância entre o grupo de voluntários e a população de Salvador!Pelo twitter vão ser divulgadas as datas de atividades, e informações sobre o meio ambiente.

Próxima atividade : Limpeza de Praia em Ondina, dia 1 de Maio, às 09:30! Apareça e nos ajude a tornas nossas praias mais limpas!

Sigam : http://twitter.com/GreenpeaceSSA

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A nós, muitos anos de vida


por : Natália Falcón

É tempo de comemorar a maioridade. Entre muitas vitórias e boa dose de trabalho árduo, comemoramos dezoito anos deste jovem, porém conseqüente, Greenpeace Brasil.

Hoje, 26 de abril de 2010, o Greenpeace Brasil apaga suas dezoito velinhas. Se o alcance da maioridade é o marco do início de uma vida adulta, por aqui, a organização se acostumou a brigar como gente grande desde cedo. Em um país de grandes e complexos desafios, a organização deu prova do seu fôlego por terra e mares brasileiros.

O pontapé de nossa inauguração oficial foi dado por uma triste efeméride: o acidente da usina nuclear de Chernobyl, há 24 anos. Em 26 de abril de 1992, ano da realização da Eco-92 no Rio de Janeiro, o navio Rainbow Warrior, guerreiro incansável da luta do Greenpeace pelo mundo, atracava em Angra dos Reis, mais precisamente na frente da usina nuclear Angra I, para afixar 800 cruzes que relembravam os mortos da fatalidade e oficializar a nossa existência.

Com as cruzes, logo vieram nossas caldeirinhas. Foi em um território de abundância de recursos e problemas, governado de forma alienada e inapta a fazer frente aos desafios ambientais e por demais envolto em sérias questões sociais que pisamos naquele início da década de 1990, ainda sem ter sequer um quadro profissional experiente para lidar com o assunto por falta de recursos humanos especializados no país.

Os temas não eram para iniciantes. Lutamos contra resíduos de metais pesados, exploração predatória de madeira, gases do efeito estufa, contaminação de água, transgênicos, destruição da floresta para plantação de soja e criação de gado, matança de baleias, toda sorte de desmatamentos, todo tipo de exploração desenfreada, toda sanha irresponsável, seja de governo ou empresas.

Em 1999 chegamos à Amazônia para investigar a exploração ilegal de madeira e de lá não saímos mais. Sob constantes ameaças de morte, produzimos pesquisas e relatórios, obtivemos a moratória de soja fruto de desmatamento, exigimos – e continuamos exigindo - desmatamento zero da floresta que abriga metade das espécies terrestres do planeta.

Na luta por um mundo com menos CO2 subindo aos céus e gerando intempéries impensadas no clima, o Greenpeace Brasil abraçou a campanha de energia, em favor de soluções eficientes, limpas, seguras e economicamente viáveis. Pelo direito de sabermos e confiarmos no que consumimos, lutamos contra o uso de transgênicos. Em favor de nossos oceanos, defendemos que nossas espécies ameaçadas sejam protegidas.

Entre muitos sabores e alguns dissabores, completamos nossos dezoito anos em alto estilo. Neste novo site que vos acolhe, buscamos ampliar o alcance da informação e da participação de todos em nossas lutas cotidianas. O Brasil da Eco-92 e das cruzes em Angra dos Reis avançou em alguns aspectos, mas os desafios estão longe de acabar. Façamos então uma rápida pausa para os parabéns. Agora, de volta ao trabalho. Para isso, precisamos sempre e cada vez mais, de todos. Junte-se a nós!

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Greenpeace-no-Brasil/

fonte: http://www.greenpeace.org/br

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Energia sim, Belo Monte não


Por: Natália Falcón

Brasília (DF) - Pouco antes de o Sol despontar na capital federal na manhã desta terça-feira, ativistas do Greenpeace despejaram três toneladas de esterco na frente da entrada principal do prédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde o governo pretendia leiloar a concessão para construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Sobre o morro formado de estrume, os ativistas colocaram duas placas, com as mensagens: “Belo Monte de... problemas” e outra, mais explícita: “Belo Monte de merda”.

O protesto, é verdade, assumiu contornos escatológicos. Mas era a única maneira de resumir, em uma imagem, a herança maldita que o governo Lula deixa para o país insistindo nessa obra. A Justiça Federal concedeu uma liminar que suspendeu novamente o leilão, a pedido do Ministério Público Federal. Mas o governo tentou reverter a decisão e conseguiu. Ao meio dia, Tribunal Regional Federal cassou a liminar da Justiça Federal e o leilão foi realizado.

Se sair do papel, Belo Monte será ao mesmo tempo um disparate econômico, um crime social e ambiental e uma mancha na história do Brasil. O projeto ecoa um modelo de desenvolvimento velho, que o país não deve nem precisa investir, tendo em vista que é absolutamente possível gerar a mesma quantidade de energia com impactos infinitamente menores.

“Belo Monte é o exemplo do que há de mais atrasado no Brasil, é replicar o antigo molde energético que beneficia poucos à custa de uma destruição socioambiental imensa”, diz Sergio Leitão, diretor de Campanhas do Greenpeace. “Defender Belo Monte significa olhar o desenvolvimento do país pelo espelho retrovisor. O Brasil de hoje e do futuro podem seguir um caminho que una segurança energética, crescimento econômico e respeito ao ambiente e às pessoas.”

O custo inicial previsto pelo governo para a obra, R$ 7 bilhões (valor esse já revisado – para cima, obviamente – agora em R$ 19 bilhões), seria suficiente para formar um parque eólico equivalente a Itaipu. Ou seja, em vez de o BNDES bancar 80% desse projeto, como promete fazer, poderia aplicar os recursos dos brasileiros de maneira muito mais inteligente.

Outro argumento usado para justificar o projeto é o custo de geração, R$ 83 por megawatt/hora (MWh). Só que nessa conta não entram os passivos sociais e ambientais. Bater nessa tecla é menosprezar a vida de pessoas que dependem do rio Xingu, assim como a importância da floresta em pé para o equilíbrio climático do planeta. É o óbvio, mas não custa repetir para quem governa: preço não justifica tudo.

O custo da geração eólica é de R$ 150/MWh, e das usinas de cogeração a biomassa, de R$ 160/MWh. “Hoje, as energias eólica e de biomassa são opções economicamente viáveis para o Brasil, com impactos socioambientais infinitamente inferiores aos de Belo Monte”, explica Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energia do Greenpeace. “A diferença tarifária para o valor da usina planejada obviamente não compensa o grave passivo social e ambiental inerente ao empreendimento.” O custo da geração eólica e solar também está muito a frente do da nuclear e de termelétricas a óleo combustível, que apresentam custos de R$ 240/MWh e R$ 550/MWh, respectivamente.

Ataque ao coração da floresta

Como se não bastasse a miopia generalizada de Lula sobre alternativas mais amigáveis de geração de energia, Belo Monte seria construída em uma das mais belas regiões da Amazônia, centro de alta biodiversidade no sul do Pará.

Atualmente o local apresenta uma boa taxa de preservação, quase uma ilha conservada em meio ao avanço do desmatamento. Mas a história de ocupação da Amazônia mostra que, com toda grande megaobra do governo, em conjunto vem uma onda de destruição que varre floresta e povos tradicionais, como as tribos indígenas que vivem do Xingu.

Ainda que o tamanho inicial do projeto tenha sido reduzido, o impacto ainda é inaceitável. A derrubada de 50 mil hectares provavelmente seria uma das maiores da Amazônia no ano. Além disso, o que ninguém envolvido no projeto gosta de dizer é que costumeiramente o desmatamento esperado não se concentra apenas na área delimitada para a usina em si – ele cresce num raio muito maior, impulsionado por uma promessa de desenvolvimento da região que dificilmente se concretiza.

Proteger as florestas é essencial para ajudar a reverter o aquecimento global – compromisso assumido por Lula e sua então ministra Dilma Roussef na última Conferência do Clima, no ano passado, em Copenhague. Insistir em Belo Monte é um erro. Em todos os aspectos.

Relatório Palestra INB 16-04‏


Por: Thuane Daébs

“Alarmismo desproporcional e desmedido e sem fundamento”. Assim começa a palestra do Ricardo Francesconi, Geólogo e ex-professor da USP, referente à posição e às ações do Greenpeace em relação às contaminações dos poços em Caetité-Ba. Evento promovido pela INB.

O primeiro palestrante, Evandro Carele, da INB, explica o contexto geológico da Província Uranífera de Lagoa Real. Explica que antes das instalações da INB na região, já haviam problemas como casas construídas sobre anomalias de urânio, poços a céu aberto e poluídos, segundo Carele, foi com a chegada da INB que a população teve oferta de água melhorada. Orgulha-se ao afirmar que a quantidade de urânio existente nesta província atende a Angra 1 e Angra 2, diz que as reservas são suficientes para atender a Angra 3 (que está em construção) e às próximas 8 usinas nucleares que se pretende instalar no Brasil até 2030. A INB, no entanto, não está satisfeita. A Companhia Brasileira de Pesquisa Mineral (CPPM) está em busca de novas jazidas e as próximas, que já estão em fase de licenciamento, são as de Engenho e Quebradas.Ele cita também vários estudos ambientais feitos, entre eles o Projeto Waquaminas, da Geoservice, da WR Consultoria LTDA e o da COPPE. Fala de estudos e pesquisas, mas nunca de seus resultados.

Dando continuidade à programação, assume o microfone o Professor Francesconi. Antes de falar sobre o estudo da Geoservice, empresa da qual faz parte, ele ataca o Greenpeace e o Padre Osvaldino que criou em Caetité a Comissão Paroquial de Meio Ambiente. Ao falar do padre, em tom de ironia, ele disse que este vai sair candidato este ano e insinua que toda repulsa à presença da INB em Caetité é para se promover como político. “Vejam a manipulação das coisas” diz Francesconi referindo-se à possível candidatura do padre.

Para alfinetar o Greenpeace, o professor foi ainda mais longe. Afirmou que o Greenpeace pagou a uma jornalista que ficou 6 meses em Caetité “vinte e cinco mil reais por mês para fazer um levantamento faccioso”, palavras do professor. A príncipio, ele disse que esta descoberta foi fruto de pesquisas pessoais que ele decidiu fazer, mas quando questionado pelos voluntários do Greenpeace em Salvador sobre a veracidade das acusações, ele refez a história dizendo que foi a Polícia Federal quem descobriu.Disse ainda que a denúncia e o alarde sobre a mineração em Caetité foram feitos “por pessoas mal intencionadas para minar por completo o esforço brasileiro em se tornar auto-suficiente”.

Entre tantas inverdades ditas pelo Ricardo Francesconi, é claramente perceptível o que de fato é faccioso. Ele continua sua palestra na tentativa de desmentir as denúncias do Greenpeace através do estudo da Geoservice e que, de acordo com o Ingá, não prova nada em relação à contaminação dos poços. Um dos argumentos que ele se valia era de que o aqüífero de Caetité é confinado, ou seja, não há comunicação com as jazidas de urânio nem entre um poço e outro, por esse motivo não seria possível uma contaminação. Mas logo é interrompido por outro professor de Geologia, Jerônimo (UFBA), que diz não ser plausível afirmar que o aqüífero é confinado. Francesconi tenta se corrigir dizendo que é semi-confinado, “tão semi-confinado que a gente só diz que é confinado”, completa entre risos. Afirma também que o índice de doenças mutagênicas na região está dentro da normalidade.

Por fim, é a vez da Mariza Franklin (IRD/CNEN) dar seu parecer, quer dizer, palestra. Ela fala sobre os “Aspectos de Radioproteção Ambiental da Unidade de Concentrado de Urânio – URA e do entorno, enfocando a questão das águas”. Ela “tranqüiliza” a platéia dizendo que a CNEN é o órgão regulador responsável por fiscalizar a INB e que “a URA está trabalhando dentro dos limites estabelecidos pela CNEN - riscos aceitáveis” estava escrito em um de seus slides de apresentação. Ao mostrar vários gráficos sobre as doses de materiais radioativos nos poços, os poços 67 e 68 mostraram doses elevadas e em tom descontraído Mariza diz “é, vocês deveriam dar uma olhada nisso (referindo-se ao pessoal da INB), acho que terei que passar lá depois” e não comenta mais sobre isso. Quanto aos poços interditados pelo INGÁ, Mariza justifica-se dizendo que isso aconteceu porque o INGÁ obedeceu à legislação antiga e que caso tivesse se baseado na nova legislação os poços não teriam sido desligados. Ela conclui dizendo que as denúncias feitas de maneira irresponsável tiveram conseqüências psico-econômicas maiores que as conseqüências radiológicas. Ao final, foi aberto para debate. Os voluntários do Greenpeace questionaram o Francesconi sobre a acusação feita em sua palestra sobre a jornalista da ONG, mas ele esquivou-se dizendo ter sido a Policia Federal a descobrir isso e não nos deu o direito à réplica. Foi perguntado a Mariza sobre alguns procedimentos nada padrões como o estoque do urânio por dois dias nos Portos de Salvador em 2008, mas, mais uma vez, não fomos respondidos.

sábado, 17 de abril de 2010

O atracadouro da devastação


Em audiência que debateu os impactos de um novo porto em Ilhéus, Greenpeace aponta para os danos à biodiversidade local. O porto pode muito bem ser feito em outra região.

Ilhéus (BA) – A audiência pública sobre o licenciamento do Terminal da Bahia Mineração (Bamin), parte de um complexo de transporte que envolve ferrovia e atracadouros conhecido como Porto Sul, começou atrasada por causa das fortes chuvas que caíam sobre Sul da Bahia. O aguaceiro, no entanto, não afastou a audiência. Quando os trabalhos foram abertos, o auditório estava lotado. O encontro durou quase 12 horas e nele houve de tudo. Claque da empresa formada por gente que nem sabia porque estava lá, depoimentos emocionados de pescadores que serão afetados pelo projeto e discursos inflamados.

Ao fim da reunião, marcada por várias manifestações do Greenpeace contra a instalação do Porto Sul numa região que o Ministério do Meio Ambiente define como prioritária para a conservação da biodiversidade, ficou clara a oposição local à obra. Estiveram presentes representantes da Bamin, IBAMA, governo da Bahia, cidade de Ilhéus, Ministério Público Federal, organizações não-governamentais e a população local. O objetivo da audiência foi debater os impactos sócio-ambientais do Porto Sul. Atualmente, comunidades da região vem sendo bombardeadas por propagandas da Bamin.

O Greenpeace, aliado à organizações da região, questionou os efeitos do projeto na biodiversidade e na vida de quem depende dela para seu sustento. Essas são, aliás, questões que a Bamin não consegue responder. É evidente que a devastação que obrigatoriamente terá que acontecer na região para prepará-la para abrigar o complexo do porto tem tudo para afetar o turismo, a pesca e as matas que crescem na earea de implantaçnao do projeto. No primeiro caso, a Bamin não explica como um porto continuará atraindo turistas que acorrem ao local em busca de praias e natureza. Nos outros dois, ela mantém, igualmente, a boca fechada.

Eduardo Elhage, procurador federal, arrancou aplausos da platéia quando disse que fará todo o possível para impedir que o Porto Sul saia do papel. Ele já deu parecer contrário à construção. Depois dos discursos iniciais, o plenário foi aberto para perguntas. Foi nesse que o Greeneace deu início aos seus protestos, abrindo uma faixa qe dizia “Porto Sul, muito mais destruição”, numa clara referência que o Porto Sul crioiu para se vender à população local, “Porto Sul, muito mais que um porto”.

Ao longo dos blocos de perguntas, ativistas do Greenpeace, vestidos como as populações que sofrer os impactos do projeto, abriram outras faixas detalhando a devastação que a obra vai trazer para a região. ‘Pescadores’ seguraram a faixa que dizia “Porto Sul, muito menos peixe”. A carregada por ‘Turistas’ ecoava: “Porto Sul, muito menos praia”. As duas últimas apontavam que a obra traria impactos para a saúde e a segurança. O Greenpeace é contrário a construção do complexo sobretudo por conta de seu impacto sobre a vida marinha, já tão ameaçada pelo aquecimento global, a pesca ilegal e a falta de fiscalização.

Além disso, existem alternativas claras ao projeto, que poderia muito bem ser deslocado para áreas já degradadas na Bahia, como o Porto de Aratu.

Brics: economias insustentáveis



Ativistas lembram em protesto aos líderes de Brasil, Rússia, Índia e China e ao presidente da África do Sul, que sem energia limpa e florestas não haverá futuro.


Brasília (DF) - Os policiais que guardavam a entrada do prédio do Itamaraty em Brasília onde ocorria uma reunião entre Índia, Brasil e África do Sul antes da cúpula dos Brics, da qual participariam, além dos dois primeiros países, a China e a Rússia, tomaram um susto quando abriram-se as portas de dois veículos semelhantes aos carros oficiais. Ao invés de autoridades, dele saltaram quatro ativistas do Greenpeace, dois fantasiados como árvores e os outros vestidos como barril de petróleo e painel solar, para protestar contra a falta de um comprometimento claro desses governos com um plano de desenvolvimento limpo – fundamental para reverter, ou ao menos mitigar, os impactos do desmatamento e das energias fósseis no clima do planeta.

A segurança agiu rápido contra os ativistas. Alguns foram jogados no chão e tiveram suas fantasias rasgadas pelos policiais. Quatro foram presos, mas liberados cerca de uma hora depois de levados para a 1ª Delegacia da Asa Sul. Ao todo, oito ativistas participaram da ação, que apesar de ter durado pouco tempo, serviu para lembrar que o encontro dos Brics em Brasília, focado em questões econômicas e financeiras, deixou de fora da discussão a crise do clima. Se ela não for encarada, o mundo corre o risco de, no futuro, nem ter uma economia para ser tema de uma discussão.


“Esse encontro poderia ser uma oportunidade para que os governantes, líderes de países que, de acordo com o FMI, foram responsáveis por 46, 3% do crescimento mundial nos dois últimos anos, discutirem maneiras de gerar desenvolvimento e, ao mesmo tempo, evitar a catástrofe climática”, disse João Talocchi, coordenador da campanha de Clima do Greenpeace. “O comprometimento desses países, novos motores da economia global, com uma economia verde, que inclua a proteção de florestas e a implementação de uma matriz limpa de geração de energia, é crucial para manter o aumento médio da temperatura do planeta abaixo dos 2 graus nas próximas décadas”.

Infelizmente, o comportamento nessa área dos países que formam os Brics, e mais a África do Sul, tem sido no mínimo errático nesse aspecto. O caso brasileiro é um bom exemplo. A destruição de florestas, sobretudo na Amazônia, é a principal fonte de emissões brasileiras de CO2, um dos gases do efeito-estufa. Lula diz que quer reduzir sensivelmente o desmatamento. Seu governo, no entanto, não age de forma definitiva para barrar, no Congresso Nacional, a ofensiva ruralista contra nossas leis de proteção ambiental. E diz que fará Belo Monte na marra, uma hidrelétrica que provocará um dos maiores desmatamentos deste ano – 50 mil hectares – no Norte do país.

“A proteção de florestas é vital para a biodiversidade e a criação de um modelo de desenvolvimento sustentável”, afirma Rafael Cruz, da campanha Amazônia do Greenpeace. O governo brasileiro também parece agir de forma contraditória na área de geração de energia. Apóia a nova Lei de Renováveis que tramita na Câmara, mas investe em geração de energia suja e propagandeia que no petróleo do pré-sal está o futuro do Brasil. A crescente dependência das economias emergentes em petróleo e carvão para a geração de energia vai significar um desenvolvimento efêmero porque elas não são fontes sustentáveis.

“Dado o peso global de suas economias atualmente, que lhes dá uma capacidade de influência e liderança imensa no mundo, o engajamento desses governos com energias renováveis como solar e eólica podem provocar uma revolução virtuosa”, diz Talocchi. “Mais do que reduzir emissões, essas tecnologias estimularão a criação de empregos e a distribuição de energia, contribuindo para melhorar a qualidade de vida nesses países e no planeta”.


sábado, 10 de abril de 2010

Aldo Rebelo, deixe as florestas em paz!


Mais uma vez, o Código Florestal, corpo de leis que protege as florestas brasileiras desde 1934, está ameaçado. Assine a petição para não permitir que a bancada da motosserra desfigure nosso Código Florestal.

O deputado Aldo Rebelo irá apresentar em breve um documento com as propostas de alteração dessa lei. E tudo indica que elas vão anistiar desmatadores e flexibilizar a proteção de nossas matas.

Há mais de dez anos, representantes da bancada ruralista deram partida numa ofensiva para mudar o Código Florestal em seu próprio benefício. A preservaçao das florestas é fundamental não só para a manutenção da biodiversidade, mas para equilibrar o clima no Brasil e no resto do planeta. Diante das chuvas torrenciais que provocaram deslizamentos e mortes no Rio de Janeiro, e que tendem a se tornar cada vez mais frequentes, a tarefa de resguardar o que resta de nossas matas é cada vez mais urgente.

Aldo Rebelo já deu indicações que está ao lado dos ruralistas que querem cada vez mais empurrar a agricultura e a pecuária para dentro da Amazônia e para o que sobrou de vegetação nativa em outros biomas brasileiros.
Mande um e-mail para o Aldo Rebelo dizendo que a questão é relevante demais para ser decidida apenas por meia dúzia de deputados em um ano de eleições. O assunto precisa ser debatido por todos os brasileiros e, portanto, o mínimo que se espera de nossos representantes no Congresso é que ao invés de mexerem em legislação tão fundamental no fim de seus mandatos, é que tenham a coragem de levar o assunto para a campanha eleitoral.

Ajude a impedir que as nossas florestas continuem a ser devastadas.

Assine a petição:

http://www.greenpeace.org.br/codigo/envie_msg.php

terça-feira, 6 de abril de 2010

Consumir sem ser consumido

Por : Natália Falcón

As coisas não deixam de existir quando as jogamos fora. Todos sabem disso, mas raros se comportam como se realmente soubessem. O nível do consumismo contemporâneo é insustentável, produz impactos alarmantes sobre o meio ambiente, e muitas vezes pode até vir a ser uma patologia comportamental. A sociedade precisa de novas características, novos hábitos, novos comportamentos, precisa mais do que reciclar, precisa se reciclar.

A publicidade ainda impera de um modo negativo, o consumo é cada vez mais incentivado e as práticas ecologicamente corretas as vezes não passam de modinha, e até as famosas ecobags, aquelas sacolas de tecido orgânico que deveriam ser usadas no lugar sacos plásticos, bem ou mal, viraram alvo do consumo, e não apenas para carregar compras. Outro dia na fila presenciei uma mulher comprando uma, porque segundo ela, não tinha daquela, e ela embalou todas as compras em sacos plásticos.

A reciclagem e a reutilização ainda são praticadas de modo ínfimo perto do índice de consumo, mas estas são alternativas simples, ao alcance de todos e que contribuem diretamente para a conservação do meio ambiente. A produção de lixo vem aumentando e a reciclagem não acompanha o mesmo processo. A responsabilidade ambiental deve andar junto com a publicidade, vamos disseminar a consciência ecológica. É possível consumir sem ser consumido.

quinta-feira, 29 de abril de 2010


Por: Natália Falcón

Acidente com plataforma de petróleo espalha óleo pelo Golfo do México e dúvidas sobre um modelo energético prejudicial à saúde humana e ambiental.

Um vazamento de óleo não é algo que se limpe. Na maior parte dos casos, os remanescentes desses desastres ambientais se dispersam, diluem, são queimados ou afundam e ficam à espera de, em algum momento, voltar à tona e causar seus estragos. O caso da recente explosão seguida de vazamento da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, ocorrida no último dia 20, expõe as sérias deficiências do modelo petrolífero do qual somos dependentes.

Na explosão, onze funcionários morreram. Dois dias após o acidente, a plataforma naufragou e, lá do fundo, começou a despejar mais de cem mil litros de óleo diariamente. Hoje, 29 de abril, nove dias após o desastre, o presidente americano Barack Obama assumiu as rédeas do desastre, o que deu dimensão real à sua gravidade, oferecendo a ajuda do Departamento de Defesa na sua contenção.

A corrida agora é por evitar que o óleo continue a vazar e, alcance a costa da Lousianna, de onde já está a apenas 80 quilômetros de distância. A previsão é de que a macha, dpendendo da direção dos ventos, alcance a região do delta do Rio Mississipi na sexta-feira, dia 30.

Caso isto ocorra, as ricas regiões onde 40% da área de manguezais da costa dos Estados Unidos se concentram, podem ficar manchadas de óleo pelas próximas décadas. O governador da Louisianna Bobby Jindal declarou estado de emergência, alegando que o vazamento ameaça seus recursos naturais. As autoridades americanas precisam decidir entre o ruim e o pior: se mais vale queimar o óleo, emitindo carbono e produzindo gigantesca nuvem de fumaça, ou permitir que o desastre ambiental atinja as áreas de costas.

“As empresas de petróleo dizem que já existem as mais variadas tecnologias para a contenção de vazamentos de petróleo, mas, como foi visto, na prática, isso não é bem verdade. O impacto que um vazamento de óleo pode trazer é gigantesco e não há uma forma justa de reparar o dano”, diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Oceanos do Greenpeace.

Nem um ano se passou desde que as empresas responsáveis pela plataforma, a britânica BP e a TransOcean, se opuseram agressivamente contra um novo regulamento de segurança estabelecido pela Empresa de Manejo Mineral, a agência federal que fiscaliza a exploração de petróleo em alto mar. A base do novo regulamento foi um estudo que concluía que o número de acidentes no setor era muito alto.

Gráfico divulgado pelo jornal The NY Times traz o perfil das espécies que estão na mira do líquido negro. Aves costeiras e animais marinhos são as mais afetadas. Entre elas, a baleia cachalote, tartarugas marinhas e o atum azul, espécie em alto risco de extinção, cujo único local de reprodução da população do Atlântico é o Golfo do México.

“Espécies como o atum azul e as tartarugas marinhas, ameaçadas de extinção, estão sendo submetidas a um nível de contaminação inestimável. Que tecnologia é capaz de reparar este impacto?”, questiona Leandra.

Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/A-mancha-negra/

Por : Natália Falcón

O Grupo de Voluntários do Greenpeace em Salvador além do blog e do orkut está presente em mais uma rede social, o Twitter !
Mais uma forma de divulgar o trabalho e diminuir a distância entre o grupo de voluntários e a população de Salvador!Pelo twitter vão ser divulgadas as datas de atividades, e informações sobre o meio ambiente.

Próxima atividade : Limpeza de Praia em Ondina, dia 1 de Maio, às 09:30! Apareça e nos ajude a tornas nossas praias mais limpas!

Sigam : http://twitter.com/GreenpeaceSSA

segunda-feira, 26 de abril de 2010


por : Natália Falcón

É tempo de comemorar a maioridade. Entre muitas vitórias e boa dose de trabalho árduo, comemoramos dezoito anos deste jovem, porém conseqüente, Greenpeace Brasil.

Hoje, 26 de abril de 2010, o Greenpeace Brasil apaga suas dezoito velinhas. Se o alcance da maioridade é o marco do início de uma vida adulta, por aqui, a organização se acostumou a brigar como gente grande desde cedo. Em um país de grandes e complexos desafios, a organização deu prova do seu fôlego por terra e mares brasileiros.

O pontapé de nossa inauguração oficial foi dado por uma triste efeméride: o acidente da usina nuclear de Chernobyl, há 24 anos. Em 26 de abril de 1992, ano da realização da Eco-92 no Rio de Janeiro, o navio Rainbow Warrior, guerreiro incansável da luta do Greenpeace pelo mundo, atracava em Angra dos Reis, mais precisamente na frente da usina nuclear Angra I, para afixar 800 cruzes que relembravam os mortos da fatalidade e oficializar a nossa existência.

Com as cruzes, logo vieram nossas caldeirinhas. Foi em um território de abundância de recursos e problemas, governado de forma alienada e inapta a fazer frente aos desafios ambientais e por demais envolto em sérias questões sociais que pisamos naquele início da década de 1990, ainda sem ter sequer um quadro profissional experiente para lidar com o assunto por falta de recursos humanos especializados no país.

Os temas não eram para iniciantes. Lutamos contra resíduos de metais pesados, exploração predatória de madeira, gases do efeito estufa, contaminação de água, transgênicos, destruição da floresta para plantação de soja e criação de gado, matança de baleias, toda sorte de desmatamentos, todo tipo de exploração desenfreada, toda sanha irresponsável, seja de governo ou empresas.

Em 1999 chegamos à Amazônia para investigar a exploração ilegal de madeira e de lá não saímos mais. Sob constantes ameaças de morte, produzimos pesquisas e relatórios, obtivemos a moratória de soja fruto de desmatamento, exigimos – e continuamos exigindo - desmatamento zero da floresta que abriga metade das espécies terrestres do planeta.

Na luta por um mundo com menos CO2 subindo aos céus e gerando intempéries impensadas no clima, o Greenpeace Brasil abraçou a campanha de energia, em favor de soluções eficientes, limpas, seguras e economicamente viáveis. Pelo direito de sabermos e confiarmos no que consumimos, lutamos contra o uso de transgênicos. Em favor de nossos oceanos, defendemos que nossas espécies ameaçadas sejam protegidas.

Entre muitos sabores e alguns dissabores, completamos nossos dezoito anos em alto estilo. Neste novo site que vos acolhe, buscamos ampliar o alcance da informação e da participação de todos em nossas lutas cotidianas. O Brasil da Eco-92 e das cruzes em Angra dos Reis avançou em alguns aspectos, mas os desafios estão longe de acabar. Façamos então uma rápida pausa para os parabéns. Agora, de volta ao trabalho. Para isso, precisamos sempre e cada vez mais, de todos. Junte-se a nós!

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fonte: http://www.greenpeace.org/br

sexta-feira, 23 de abril de 2010


Por: Natália Falcón

Brasília (DF) - Pouco antes de o Sol despontar na capital federal na manhã desta terça-feira, ativistas do Greenpeace despejaram três toneladas de esterco na frente da entrada principal do prédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde o governo pretendia leiloar a concessão para construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Sobre o morro formado de estrume, os ativistas colocaram duas placas, com as mensagens: “Belo Monte de... problemas” e outra, mais explícita: “Belo Monte de merda”.

O protesto, é verdade, assumiu contornos escatológicos. Mas era a única maneira de resumir, em uma imagem, a herança maldita que o governo Lula deixa para o país insistindo nessa obra. A Justiça Federal concedeu uma liminar que suspendeu novamente o leilão, a pedido do Ministério Público Federal. Mas o governo tentou reverter a decisão e conseguiu. Ao meio dia, Tribunal Regional Federal cassou a liminar da Justiça Federal e o leilão foi realizado.

Se sair do papel, Belo Monte será ao mesmo tempo um disparate econômico, um crime social e ambiental e uma mancha na história do Brasil. O projeto ecoa um modelo de desenvolvimento velho, que o país não deve nem precisa investir, tendo em vista que é absolutamente possível gerar a mesma quantidade de energia com impactos infinitamente menores.

“Belo Monte é o exemplo do que há de mais atrasado no Brasil, é replicar o antigo molde energético que beneficia poucos à custa de uma destruição socioambiental imensa”, diz Sergio Leitão, diretor de Campanhas do Greenpeace. “Defender Belo Monte significa olhar o desenvolvimento do país pelo espelho retrovisor. O Brasil de hoje e do futuro podem seguir um caminho que una segurança energética, crescimento econômico e respeito ao ambiente e às pessoas.”

O custo inicial previsto pelo governo para a obra, R$ 7 bilhões (valor esse já revisado – para cima, obviamente – agora em R$ 19 bilhões), seria suficiente para formar um parque eólico equivalente a Itaipu. Ou seja, em vez de o BNDES bancar 80% desse projeto, como promete fazer, poderia aplicar os recursos dos brasileiros de maneira muito mais inteligente.

Outro argumento usado para justificar o projeto é o custo de geração, R$ 83 por megawatt/hora (MWh). Só que nessa conta não entram os passivos sociais e ambientais. Bater nessa tecla é menosprezar a vida de pessoas que dependem do rio Xingu, assim como a importância da floresta em pé para o equilíbrio climático do planeta. É o óbvio, mas não custa repetir para quem governa: preço não justifica tudo.

O custo da geração eólica é de R$ 150/MWh, e das usinas de cogeração a biomassa, de R$ 160/MWh. “Hoje, as energias eólica e de biomassa são opções economicamente viáveis para o Brasil, com impactos socioambientais infinitamente inferiores aos de Belo Monte”, explica Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energia do Greenpeace. “A diferença tarifária para o valor da usina planejada obviamente não compensa o grave passivo social e ambiental inerente ao empreendimento.” O custo da geração eólica e solar também está muito a frente do da nuclear e de termelétricas a óleo combustível, que apresentam custos de R$ 240/MWh e R$ 550/MWh, respectivamente.

Ataque ao coração da floresta

Como se não bastasse a miopia generalizada de Lula sobre alternativas mais amigáveis de geração de energia, Belo Monte seria construída em uma das mais belas regiões da Amazônia, centro de alta biodiversidade no sul do Pará.

Atualmente o local apresenta uma boa taxa de preservação, quase uma ilha conservada em meio ao avanço do desmatamento. Mas a história de ocupação da Amazônia mostra que, com toda grande megaobra do governo, em conjunto vem uma onda de destruição que varre floresta e povos tradicionais, como as tribos indígenas que vivem do Xingu.

Ainda que o tamanho inicial do projeto tenha sido reduzido, o impacto ainda é inaceitável. A derrubada de 50 mil hectares provavelmente seria uma das maiores da Amazônia no ano. Além disso, o que ninguém envolvido no projeto gosta de dizer é que costumeiramente o desmatamento esperado não se concentra apenas na área delimitada para a usina em si – ele cresce num raio muito maior, impulsionado por uma promessa de desenvolvimento da região que dificilmente se concretiza.

Proteger as florestas é essencial para ajudar a reverter o aquecimento global – compromisso assumido por Lula e sua então ministra Dilma Roussef na última Conferência do Clima, no ano passado, em Copenhague. Insistir em Belo Monte é um erro. Em todos os aspectos.


Por: Thuane Daébs

“Alarmismo desproporcional e desmedido e sem fundamento”. Assim começa a palestra do Ricardo Francesconi, Geólogo e ex-professor da USP, referente à posição e às ações do Greenpeace em relação às contaminações dos poços em Caetité-Ba. Evento promovido pela INB.

O primeiro palestrante, Evandro Carele, da INB, explica o contexto geológico da Província Uranífera de Lagoa Real. Explica que antes das instalações da INB na região, já haviam problemas como casas construídas sobre anomalias de urânio, poços a céu aberto e poluídos, segundo Carele, foi com a chegada da INB que a população teve oferta de água melhorada. Orgulha-se ao afirmar que a quantidade de urânio existente nesta província atende a Angra 1 e Angra 2, diz que as reservas são suficientes para atender a Angra 3 (que está em construção) e às próximas 8 usinas nucleares que se pretende instalar no Brasil até 2030. A INB, no entanto, não está satisfeita. A Companhia Brasileira de Pesquisa Mineral (CPPM) está em busca de novas jazidas e as próximas, que já estão em fase de licenciamento, são as de Engenho e Quebradas.Ele cita também vários estudos ambientais feitos, entre eles o Projeto Waquaminas, da Geoservice, da WR Consultoria LTDA e o da COPPE. Fala de estudos e pesquisas, mas nunca de seus resultados.

Dando continuidade à programação, assume o microfone o Professor Francesconi. Antes de falar sobre o estudo da Geoservice, empresa da qual faz parte, ele ataca o Greenpeace e o Padre Osvaldino que criou em Caetité a Comissão Paroquial de Meio Ambiente. Ao falar do padre, em tom de ironia, ele disse que este vai sair candidato este ano e insinua que toda repulsa à presença da INB em Caetité é para se promover como político. “Vejam a manipulação das coisas” diz Francesconi referindo-se à possível candidatura do padre.

Para alfinetar o Greenpeace, o professor foi ainda mais longe. Afirmou que o Greenpeace pagou a uma jornalista que ficou 6 meses em Caetité “vinte e cinco mil reais por mês para fazer um levantamento faccioso”, palavras do professor. A príncipio, ele disse que esta descoberta foi fruto de pesquisas pessoais que ele decidiu fazer, mas quando questionado pelos voluntários do Greenpeace em Salvador sobre a veracidade das acusações, ele refez a história dizendo que foi a Polícia Federal quem descobriu.Disse ainda que a denúncia e o alarde sobre a mineração em Caetité foram feitos “por pessoas mal intencionadas para minar por completo o esforço brasileiro em se tornar auto-suficiente”.

Entre tantas inverdades ditas pelo Ricardo Francesconi, é claramente perceptível o que de fato é faccioso. Ele continua sua palestra na tentativa de desmentir as denúncias do Greenpeace através do estudo da Geoservice e que, de acordo com o Ingá, não prova nada em relação à contaminação dos poços. Um dos argumentos que ele se valia era de que o aqüífero de Caetité é confinado, ou seja, não há comunicação com as jazidas de urânio nem entre um poço e outro, por esse motivo não seria possível uma contaminação. Mas logo é interrompido por outro professor de Geologia, Jerônimo (UFBA), que diz não ser plausível afirmar que o aqüífero é confinado. Francesconi tenta se corrigir dizendo que é semi-confinado, “tão semi-confinado que a gente só diz que é confinado”, completa entre risos. Afirma também que o índice de doenças mutagênicas na região está dentro da normalidade.

Por fim, é a vez da Mariza Franklin (IRD/CNEN) dar seu parecer, quer dizer, palestra. Ela fala sobre os “Aspectos de Radioproteção Ambiental da Unidade de Concentrado de Urânio – URA e do entorno, enfocando a questão das águas”. Ela “tranqüiliza” a platéia dizendo que a CNEN é o órgão regulador responsável por fiscalizar a INB e que “a URA está trabalhando dentro dos limites estabelecidos pela CNEN - riscos aceitáveis” estava escrito em um de seus slides de apresentação. Ao mostrar vários gráficos sobre as doses de materiais radioativos nos poços, os poços 67 e 68 mostraram doses elevadas e em tom descontraído Mariza diz “é, vocês deveriam dar uma olhada nisso (referindo-se ao pessoal da INB), acho que terei que passar lá depois” e não comenta mais sobre isso. Quanto aos poços interditados pelo INGÁ, Mariza justifica-se dizendo que isso aconteceu porque o INGÁ obedeceu à legislação antiga e que caso tivesse se baseado na nova legislação os poços não teriam sido desligados. Ela conclui dizendo que as denúncias feitas de maneira irresponsável tiveram conseqüências psico-econômicas maiores que as conseqüências radiológicas. Ao final, foi aberto para debate. Os voluntários do Greenpeace questionaram o Francesconi sobre a acusação feita em sua palestra sobre a jornalista da ONG, mas ele esquivou-se dizendo ter sido a Policia Federal a descobrir isso e não nos deu o direito à réplica. Foi perguntado a Mariza sobre alguns procedimentos nada padrões como o estoque do urânio por dois dias nos Portos de Salvador em 2008, mas, mais uma vez, não fomos respondidos.

sábado, 17 de abril de 2010


Em audiência que debateu os impactos de um novo porto em Ilhéus, Greenpeace aponta para os danos à biodiversidade local. O porto pode muito bem ser feito em outra região.

Ilhéus (BA) – A audiência pública sobre o licenciamento do Terminal da Bahia Mineração (Bamin), parte de um complexo de transporte que envolve ferrovia e atracadouros conhecido como Porto Sul, começou atrasada por causa das fortes chuvas que caíam sobre Sul da Bahia. O aguaceiro, no entanto, não afastou a audiência. Quando os trabalhos foram abertos, o auditório estava lotado. O encontro durou quase 12 horas e nele houve de tudo. Claque da empresa formada por gente que nem sabia porque estava lá, depoimentos emocionados de pescadores que serão afetados pelo projeto e discursos inflamados.

Ao fim da reunião, marcada por várias manifestações do Greenpeace contra a instalação do Porto Sul numa região que o Ministério do Meio Ambiente define como prioritária para a conservação da biodiversidade, ficou clara a oposição local à obra. Estiveram presentes representantes da Bamin, IBAMA, governo da Bahia, cidade de Ilhéus, Ministério Público Federal, organizações não-governamentais e a população local. O objetivo da audiência foi debater os impactos sócio-ambientais do Porto Sul. Atualmente, comunidades da região vem sendo bombardeadas por propagandas da Bamin.

O Greenpeace, aliado à organizações da região, questionou os efeitos do projeto na biodiversidade e na vida de quem depende dela para seu sustento. Essas são, aliás, questões que a Bamin não consegue responder. É evidente que a devastação que obrigatoriamente terá que acontecer na região para prepará-la para abrigar o complexo do porto tem tudo para afetar o turismo, a pesca e as matas que crescem na earea de implantaçnao do projeto. No primeiro caso, a Bamin não explica como um porto continuará atraindo turistas que acorrem ao local em busca de praias e natureza. Nos outros dois, ela mantém, igualmente, a boca fechada.

Eduardo Elhage, procurador federal, arrancou aplausos da platéia quando disse que fará todo o possível para impedir que o Porto Sul saia do papel. Ele já deu parecer contrário à construção. Depois dos discursos iniciais, o plenário foi aberto para perguntas. Foi nesse que o Greeneace deu início aos seus protestos, abrindo uma faixa qe dizia “Porto Sul, muito mais destruição”, numa clara referência que o Porto Sul crioiu para se vender à população local, “Porto Sul, muito mais que um porto”.

Ao longo dos blocos de perguntas, ativistas do Greenpeace, vestidos como as populações que sofrer os impactos do projeto, abriram outras faixas detalhando a devastação que a obra vai trazer para a região. ‘Pescadores’ seguraram a faixa que dizia “Porto Sul, muito menos peixe”. A carregada por ‘Turistas’ ecoava: “Porto Sul, muito menos praia”. As duas últimas apontavam que a obra traria impactos para a saúde e a segurança. O Greenpeace é contrário a construção do complexo sobretudo por conta de seu impacto sobre a vida marinha, já tão ameaçada pelo aquecimento global, a pesca ilegal e a falta de fiscalização.

Além disso, existem alternativas claras ao projeto, que poderia muito bem ser deslocado para áreas já degradadas na Bahia, como o Porto de Aratu.



Ativistas lembram em protesto aos líderes de Brasil, Rússia, Índia e China e ao presidente da África do Sul, que sem energia limpa e florestas não haverá futuro.


Brasília (DF) - Os policiais que guardavam a entrada do prédio do Itamaraty em Brasília onde ocorria uma reunião entre Índia, Brasil e África do Sul antes da cúpula dos Brics, da qual participariam, além dos dois primeiros países, a China e a Rússia, tomaram um susto quando abriram-se as portas de dois veículos semelhantes aos carros oficiais. Ao invés de autoridades, dele saltaram quatro ativistas do Greenpeace, dois fantasiados como árvores e os outros vestidos como barril de petróleo e painel solar, para protestar contra a falta de um comprometimento claro desses governos com um plano de desenvolvimento limpo – fundamental para reverter, ou ao menos mitigar, os impactos do desmatamento e das energias fósseis no clima do planeta.

A segurança agiu rápido contra os ativistas. Alguns foram jogados no chão e tiveram suas fantasias rasgadas pelos policiais. Quatro foram presos, mas liberados cerca de uma hora depois de levados para a 1ª Delegacia da Asa Sul. Ao todo, oito ativistas participaram da ação, que apesar de ter durado pouco tempo, serviu para lembrar que o encontro dos Brics em Brasília, focado em questões econômicas e financeiras, deixou de fora da discussão a crise do clima. Se ela não for encarada, o mundo corre o risco de, no futuro, nem ter uma economia para ser tema de uma discussão.


“Esse encontro poderia ser uma oportunidade para que os governantes, líderes de países que, de acordo com o FMI, foram responsáveis por 46, 3% do crescimento mundial nos dois últimos anos, discutirem maneiras de gerar desenvolvimento e, ao mesmo tempo, evitar a catástrofe climática”, disse João Talocchi, coordenador da campanha de Clima do Greenpeace. “O comprometimento desses países, novos motores da economia global, com uma economia verde, que inclua a proteção de florestas e a implementação de uma matriz limpa de geração de energia, é crucial para manter o aumento médio da temperatura do planeta abaixo dos 2 graus nas próximas décadas”.

Infelizmente, o comportamento nessa área dos países que formam os Brics, e mais a África do Sul, tem sido no mínimo errático nesse aspecto. O caso brasileiro é um bom exemplo. A destruição de florestas, sobretudo na Amazônia, é a principal fonte de emissões brasileiras de CO2, um dos gases do efeito-estufa. Lula diz que quer reduzir sensivelmente o desmatamento. Seu governo, no entanto, não age de forma definitiva para barrar, no Congresso Nacional, a ofensiva ruralista contra nossas leis de proteção ambiental. E diz que fará Belo Monte na marra, uma hidrelétrica que provocará um dos maiores desmatamentos deste ano – 50 mil hectares – no Norte do país.

“A proteção de florestas é vital para a biodiversidade e a criação de um modelo de desenvolvimento sustentável”, afirma Rafael Cruz, da campanha Amazônia do Greenpeace. O governo brasileiro também parece agir de forma contraditória na área de geração de energia. Apóia a nova Lei de Renováveis que tramita na Câmara, mas investe em geração de energia suja e propagandeia que no petróleo do pré-sal está o futuro do Brasil. A crescente dependência das economias emergentes em petróleo e carvão para a geração de energia vai significar um desenvolvimento efêmero porque elas não são fontes sustentáveis.

“Dado o peso global de suas economias atualmente, que lhes dá uma capacidade de influência e liderança imensa no mundo, o engajamento desses governos com energias renováveis como solar e eólica podem provocar uma revolução virtuosa”, diz Talocchi. “Mais do que reduzir emissões, essas tecnologias estimularão a criação de empregos e a distribuição de energia, contribuindo para melhorar a qualidade de vida nesses países e no planeta”.


sábado, 10 de abril de 2010


Mais uma vez, o Código Florestal, corpo de leis que protege as florestas brasileiras desde 1934, está ameaçado. Assine a petição para não permitir que a bancada da motosserra desfigure nosso Código Florestal.

O deputado Aldo Rebelo irá apresentar em breve um documento com as propostas de alteração dessa lei. E tudo indica que elas vão anistiar desmatadores e flexibilizar a proteção de nossas matas.

Há mais de dez anos, representantes da bancada ruralista deram partida numa ofensiva para mudar o Código Florestal em seu próprio benefício. A preservaçao das florestas é fundamental não só para a manutenção da biodiversidade, mas para equilibrar o clima no Brasil e no resto do planeta. Diante das chuvas torrenciais que provocaram deslizamentos e mortes no Rio de Janeiro, e que tendem a se tornar cada vez mais frequentes, a tarefa de resguardar o que resta de nossas matas é cada vez mais urgente.

Aldo Rebelo já deu indicações que está ao lado dos ruralistas que querem cada vez mais empurrar a agricultura e a pecuária para dentro da Amazônia e para o que sobrou de vegetação nativa em outros biomas brasileiros.
Mande um e-mail para o Aldo Rebelo dizendo que a questão é relevante demais para ser decidida apenas por meia dúzia de deputados em um ano de eleições. O assunto precisa ser debatido por todos os brasileiros e, portanto, o mínimo que se espera de nossos representantes no Congresso é que ao invés de mexerem em legislação tão fundamental no fim de seus mandatos, é que tenham a coragem de levar o assunto para a campanha eleitoral.

Ajude a impedir que as nossas florestas continuem a ser devastadas.

Assine a petição:

http://www.greenpeace.org.br/codigo/envie_msg.php

terça-feira, 6 de abril de 2010

Por : Natália Falcón

As coisas não deixam de existir quando as jogamos fora. Todos sabem disso, mas raros se comportam como se realmente soubessem. O nível do consumismo contemporâneo é insustentável, produz impactos alarmantes sobre o meio ambiente, e muitas vezes pode até vir a ser uma patologia comportamental. A sociedade precisa de novas características, novos hábitos, novos comportamentos, precisa mais do que reciclar, precisa se reciclar.

A publicidade ainda impera de um modo negativo, o consumo é cada vez mais incentivado e as práticas ecologicamente corretas as vezes não passam de modinha, e até as famosas ecobags, aquelas sacolas de tecido orgânico que deveriam ser usadas no lugar sacos plásticos, bem ou mal, viraram alvo do consumo, e não apenas para carregar compras. Outro dia na fila presenciei uma mulher comprando uma, porque segundo ela, não tinha daquela, e ela embalou todas as compras em sacos plásticos.

A reciclagem e a reutilização ainda são praticadas de modo ínfimo perto do índice de consumo, mas estas são alternativas simples, ao alcance de todos e que contribuem diretamente para a conservação do meio ambiente. A produção de lixo vem aumentando e a reciclagem não acompanha o mesmo processo. A responsabilidade ambiental deve andar junto com a publicidade, vamos disseminar a consciência ecológica. É possível consumir sem ser consumido.