Postado por: Julio César


Hoje, o Greenpeace está em luto pelo sepultamento de mais uma vítima de leucemia - doença que pode ser relacionada à radiação e ingestão de urânio - em Caetité. Dona Dulce, que era professora, ingeriu água do poço onde foi encontrada contaminação por urânio durante anos. Disse ela, na reportagem da Record: “Você sabe que o problema lá (se referindo à INB)” é sério, né? Nós sabemos!”, demonstrando saber da série de problemas e impactos que a mineração de urânio traz para região e principalmente para as comunidades do entorno, onde ela residia.

Dona Dulce teve que buscar tratamento em São Paulo, pois na região não há nenhum suporte para esse tipo de problemas de saúde. Assim como ela, seu Chico, ex-funcionário da INB, também vítima de leucemia, precisa se deslocar até Maceió para poder se tratar. Todo o gasto com deslocamento e medicamentos ficam por sua conta, já que não recebe nenhum auxílio da empresa nem do poder público. Por causa de sua doença, não consegue obter emprego para pagar essas contas, dificultando seu acesso ao tratamento.

O grau de incidência de câncer e doenças relacionadas à radiação em Caetité, segundo relatos locais, é preocupante. O não registro dos enfermos no local, que precisam se tratar em outras áreas, o registro do óbito como causa indeterminada ou como pneumonia, por exemplo, para vítimas de neoplasias, faz com que estudos meramente documentais como realizados pela Fiotec, não consigam trazer-nos uma conclusão abrangente.

Um estudo epidemiológico amplo e independente é uma condicionante do licenciamento da INB, que até hoje funciona sem que esse estudo tenha sido realizado. Água continua sendo consumida sem estudos amplos que comprovem sua qualidade, colocando em risco a vida da população do entorno da mina e o meio ambiente. Quantas famílias mais necessitarão sofrer a perda de um ente querido para que o governo trate essa questão com responsabilidade?


André Amaral.