Quem acompanhou o protesto do Greenpeace contra a liberação do arroz transgênico hoje (15/10), na transmissão ao vivo pelo nosso blog ou viu a ação pela mídia, nem imagina o que se passava nos corredores do Ministério da Ciência e Tecnologia (onde foi realizada a manifestação). O presidente da CTNBio bem que tentou passar uma imagem de calma. Depois que os primeiros ativistas já estavam no palco com a fantasia da Dilma e com duas faixas, o próprio presidente da CTNBio, Walter Colli, deu ordens para que os ativistas vestidos de macacão amarelo entrassem na sala de reunião.



A idéia era desqualificar a nossa manifestação. Colli chegou a comentar: vocês já fizeram o protesto, a mídia já registrou, agora podem ir embora para não atrapalhar a reunião. No início, os membros da comissão estavam até achando divertido. Riram, tiraram foto com a “Dilma” e fizeram piadinhas.



O que eles não contavam é que a gente não estava lá para brincadeira. Nossos ativistas suportaram um calor de quase 30ºC dentro de macacões sintéticos, usados para evitar contaminação, sem contar a voluntária que estava com a máscara da Dilma, de mais de três quilos, ainda cheirando a tinta. Meio desconcertado, mas insistindo na aparência de “nada está acontecendo”, primeiro Colli chamou a segurança. Depois, a polícia militar. E, por último, a Polícia Federal. Eles nada podiam fazer, já que não estávamos infringindo nenhuma lei. Nesse meio tempo, ele ainda chamou a atenção dos juristas que estavam na reunião e nada faziam.

Enquanto isso, as cenas mais inusitadas rolavam nos “bastidores”. Alguns membros da CTNBio tentavam destratar nossos ativistas dizendo que eles não tinham estudo, eram vagabundos ou muito jovens. Já funcionárias do Ministério da Ciência e Tecnologia parabenizavam a equipe e pediam uma das faixas usadas no protesto para guardar de recordação. Outra tentava convencer os ativistas a ficarem em um lugar que não incomodasse: no fundo da sala, por exemplo. Didaticamente, tivemos de explicar que a essência de qualquer protesto é, afinal, incomodar.

Foi difícil, exigiu resistência, paciência, estratégia, organização. Foram mais de duas horas acompanhando a reunião. Mas valeu a pena! A votação do arroz transgênico foi adiada.

Você também pode ajudar o Greenpeace a barrar esse absurdo. Participe da nossa cyberação, uma petição online em que a gente pede à ministra Dilma (virtual futura candidata do governo à Presidência, é bom lembrar) que não deixe o arroz nosso de cada dia virar transgênico.

Por: Vânia Alves