Por Natália Falcón

A princípio pode parecer estranho o que vou escrever,mas só a princípio.

Num contexto de mudanças climáticas e catástrofes, em meio a enchentes e estiagens, que roubam um pouco do nosso ânimo a cada dia, é possível ver uma coisa boa: a solidariedade humana. O ser humano (ainda que tardiamente!) se torna sensível às modificações ambientais na medida em que essas o atingem, e acorda algo que fica permanentemente adormecido em seu cotidiano para evitar o sofrimento, a sensibilidade, nessa hora em que se percebe porque não devemos deixar de acreditar nas pessoas, pois apesar dos defeitos, que são inerentes a todos, a compaixão ainda que rara, existe.
Mais do que um bom exemplo a tragédia em Santa Catarina, é uma clara demonstração do despertar da compaixão nos seres humanos, muitas pessoas fizeram mais do que olhar para a televisão e lamentar o acontecimento durante alguns minutos, muitas pessoas agiram e se mobilizaram para ajudar. O Estado que mais mandou ajuda às vítimas foi justamente a Bahia, mas não temos que pensar se eles fariam o mesmo ou se a ênfase seria menor caso a tragédia acontecesse aqui, a ação do homem (o que inclui os baianos) tem uma parcela de culpa na história, e sem duvida ajudá-los não foi mais que obrigação.
Longe de enaltecer as catástrofes como forma de mobilizar as populações, mas em uma configuração de valores tão invertidos, como a atual, onde o interesse econômico comanda a maioria das relações, e a perplexidade é algo cada vez mais raro tamanha é a banalização dos desastres naturais ou não, a sensibilidade humana está em extinção e a sensibilização é essencial para a mudança, que se faz urgente afim de evitar tragédias e não apenas lamentá-las. A tomada de consciência já aconteceu e não basta somente refletir sobre ela, após toda a reflexão é necessária a ação.